Sobre Bienal

Com base em elementos levantados no Manifesto do Naturalismo Integral (ou do Rio Negro), do artista francês Pierre Restany após uma viagem ao Brasil em 1978, que também resultou num filme, e que foi recentemente revisitado por Frans Krajcberg num Novo Manifesto do Naturalismo Integral (2012), o projeto curatorial segue para uma discussão mais abrangente das construções imaginárias de espaços resumida na questão central da Bienal: “É tudo Nordeste?”. Nordeste aqui refere-se primeiramente à região geo-social-cultural compreendendo os interiores brasileiros, mas tal termo também compreende qualquer outra construção cultural relacionada ao conceito de Orientalismo definido por Edward Saïd. De acordo com Restany, estonteado pela poderosa diversidade da região amazônica, a ecologia é uma revolução cultural: “Cette nature de l’Amazonie est tellement puissante qu’elle s’impose à moi comme une véritable discipline. L’Amazonie sera l’université, l’Alma mater, la grande école de ma perception”. (Esta natureza da Amazônia é tão poderosa que ela se impõe para mim como uma real disciplina. A Amazônia será a universidade, a Alma mater, a grande escola da minha percepção).

Produções local e universal

É tudo Nordeste? É a questão que move o conceito curatorial da Bienal, como um processo vivo, durante seus 100 dias de exibições, ciclos de filmes, performances, atividades educacionais e encontros/interações com artistas. De acordo com Marcelo Rezende, curador-chefe, a questão requer uma abordagem na qual qualquer expressão cultural e artística deve ser considerada em diversas perspectivas, para além dos muros dos espaços institucionalizados.